domingo, 14 de outubro de 2007

A Tragédia de Bhopal

Oi galera!

Na minha última postagem eu mostrei a vocês o caso Tylenol. Hoje, discutirei sobre a tragédia de Bhopal, na Índia.
A tragédia foi provocada por um vazamento de cerca de 40 toneladas de metil isocianato e outros gases letais da fábrica de agrotóxicos da Union Carbide Corporation, na madrugada do dia dois pro dia três de dezembro de 1984.
Foi o pior desastre químico registrado na história. O número de pessoas mortas em razão da exposição direta aos gases está entre 3,5 e 7,5 mil pessoas.
Porém, os efeitos da tragédia estendem-se até hoje.
Diferentemente da Johnson & Johnson, a Union Carbide abandonou a área do desastre deixando uma grande quantidade de venenos no local, assim a população de Bhopal ficou com o fornecimento de água contaminada e um legado tóxico que traz prejuízos até hoje.
Desde o desastre, a Union Carbide tenta mudar sua identidade para se livrar das marcas deixadas em Bhopal: a Union Carbide Índia Ltda. mudou seu nome para Eveready Industries Ltda. e Union Carbide Eastern em Hong Kong.
Porém, a Union Carbide só conseguiu se livrar do seu nome com a sua fusão em 1999 com a empresa Dow Chemicals, sediada nos Estados Unidos, criando a segunda maior companhia química do mundo.
Desta maneira, a responsabilidade pela tragédia de Bhopal passou para a Dow Chemicals, que se recusa a aceitar o impasse ambiental adquirido na compra da Union Carbide. Enquanto os moradores de Bhopal continuam a sofrer os impactos do desastre de 1984, a responsabilidade legal pelo acidente ainda está sendo julgada pela justiça dos EUA.
A questão da ameaça ambiental e o precário controle de segurança que cerca os complexos químicos ficam evidentes no episódio de Bhopal e põem à prova a administração empresarial em épocas de crise.
O problema é que a maioria das empresas só dá a merecida importância para a comunicação nesses períodos de crise, como se as estratégias e as ações de Relações Públicas, Propaganda e Publicidade, Imprensa, fossem solucionar sozinhas todos os males expostos pela crise. A comunicação empresarial trabalha no sentido de mediar certos conflitos e traumas gerados pelos negócios, mas não consegue fazer milagres.
No entanto, quando a crise é causada pelo vazamento de isocianato de metila, a comunicação não pode salvar a imagem com ações que justifiquem as falhas, garantam maior segurança, demonstrem o choque causado nos diretores e prometam a divulgação das causas.
Em situações como essa, ocorre o fenômeno da dissonância cognitiva que é o grau de deterioração da imagem da empresa na mente das pessoas com a comparação de duas verdades: a da empresa e a oriunda do acidente. Diante desse fenômeno as ações de comunicação tendem-se ao desastre.
Para superar a crise de Bhopal, a Union Carbide deveria ter pensado em ações emergenciais de curto prazo, como notas à imprensa, explicações a jornalistas sobre condições de segurança, abertura das portas da fábrica aos meios de comunicação e principalmente, traçado um planejamento a longo prazo que poderia recuperar uma das principais qualidades no contexto econômico, contemporâneo: a credibilidade. Mas em vez disso, ela preferiu fugir do problema e com isso, sofre conseqüências da tragédia de Bhopal até hoje.

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